Mulheres com câncer de ovário frequentemente enfrentam estatísticas sombrias, com menos da metade vivas em 5 anos após o diagnóstico. Estudos recentes apontam uma nova classe de drogas conhecidas como inibidores da PARP mostrando um cenário promissor. Os inibidores da PARP prendem a PARP no DNA em locais de quebra de fitas simples, evitando o reparo dessas quebras, gerando quebra da dupla fita, que não podem ser reparadas com precisão em tumores com deficiência de recombinação homóloga(HRD).
A HRD não se limita a tumores com BRCA mutado e está presente em aproximadamente 50% dos tumores ovariano serosos de alto grau. De fato, no câncer de ovário recidivado sensível a platina, os inibidores da PARP são ativos em manutenção em pacientes que tem tumores sem a mutação do BRCA, embora a magnitude do benefício seja menor que pacientes com a mutação BRCA. Os inibidores da PARP são particularmente eficazes contra neoplasias ligadas ao gene BRCA, este gene é alterado em 25% dos casos de câncer de ovário. Em um estudo publicado na revista New England em dezembro de 2018 que foram avaliadas 391 mulheres com mutação do gene BRCA e câncer de ovário avançado que completaram o tratamento com quimioterapia, foram randomizadas 2:1 a receber uma droga inibidora da PARP ou placebo como terapia de manutenção e houve uma diminuição de risco de progressão ou morte de 70% no grupo da droga comparada ao placebo. Em análise posterior após 5 anos do recrutamento 2 vezes mais mulheres do grupo de inibidores da PARP estavam vivas e sem progressão.
Novas descobertas
Essa nova descoberta sugere que a terapia de manutenção tem um impacto duradouro para mulheres portadoras de câncer de ovário avançado BRCA positivo. Estudos recentes avaliando a combinação de inibidores da PARP com anti VEGF como por exemplo bevacizumabe ou cediranibe estão em andamento restringindo o suprimento sanguíneo para a área acometida promovendo apoptose das células cancerosas. Resultados preliminares dos estudos PAOLA 1 e ICON utilizando a combinação demonstram uma melhora significativa de sobrevida livre de progressão.
Desafio
Avaliar novas terapias direcionadas é um desafio, considerando que a imunoterapia não tem mostrado resultados promissores. Em um artigo intitulado “Como vencer a batalha das células tronco do câncer de ovário: destruindo raízes”, publicado na revista Cancer Drug Resistance, aborda os problemas das células cancerosas no tratamento bem sucedido do câncer de ovário. Esse artigo de revisão descreve a necessidade que estas células tronco se tornem alvos e os possíveis benefícios da combinação deste tratamento com a quimioterapia convencional para prevenir a recorrência e curar pacientes portadoras de câncer de ovário.
Aguardamos a avaliação de novas terapias direcionadas e estudos futuros que examinarão como poderemos explorar mais a via de inibidores da PARP.
Por Nara Rosana Andrade – Oncologista Clínica- Sócia da OncoTag