O câncer de ovário resulta do acúmulo de alterações genéticas e epigenéticas que impulsionam a transformação de uma célula normal em uma célula maligna. Este processo forma cada tumor de maneira dinâmica e única, tornando extremamente difícil determinar as alterações que causam, mantêm e disseminam a doença.
Hereditariedade, fumo, consumo de bebida alcoólica e alimentos ricos em gordura são os principais fatores de predisposição a doença. Com os avanços das tecnologias para o estudo de mutações somáticas e germinativas, o conhecimento sobre a predisposição hereditária ao câncer evoluiu muito nas últimas décadas .
Síndromes genéticas e o câncer de ovário
O câncer de ovário representa um fenótipo importante dentre as síndromes de predisposição ao câncer hereditário, mais de um quinto de todos os cânceres de ovário têm suscetibilidade herdada. Além das síndromes hereditárias de câncer de mama e ovário, associadas aos genes BRCA1 e BRCA2, outras síndromes genéticas predispõem os indivíduos ao risco maior para câncer de ovário, dentre elas: a síndrome de Lynch, síndrome de Peutz-Jeghers e a síndrome de Gorlin, que aumenta o risco para fibromas ovarianos.
Com os avanços nos testes genéticos, principalmente da tecnologia de sequenciamento de nova geração (NGS, do inglês: Next Generation Sequencing), vários genes estão sendo associados ao câncer de ovário, além de BRCA1 e BRCA2, tornaram-se reconhecidos como o MLH1, MSH2, ATM, CHEK2, PALB2, RAD51 C, RAD51 dentre outros.
Procure seu ginecologista
Protocolos e consensos das sociedades médicas publicam informações sobre a importância de reconhecer pacientes portadores dessas mutações e como cuidar dessas pacientes para redução do risco de câncer (National Comprehensive Cancer Network, 2021). Entretanto, para muitos genes, a informação sobre a proposta de redução de risco de câncer ainda carece de evidências robustas para elaboração de condutas médicas específicas.
Por isso, se você tem dúvida fale com seu médico sobre isso.
Por Letícia Braga – Doutora em ciências da saúde com Pós-doutorado em oncologia experimental. Sócia fundadora e CEO da OncoTag e Coordenadora do Laboratório de Pesquisa Translacional do Instituto Mário Penna.
Referências:
Abedi, S. M., et. al. Nuclear medicine for imaging of epithelial ovarian cancer. Future Oncology. 2016;12(9):1165-77. https://doi.org/10.2217/fon.16.19
Liu YL, Breen K, Catchings A, et al. Risk-Reducing Bilateral Salpingo-Oophorectomy for Ovarian Cancer: A Review and Clinical Guide for Hereditary Predisposition Genes. JCO Oncol Pract. 2021 Sep 28, doi: https://ascopubs.org/doi/10.1200/OP.21.00382
Buys SS, Sandbach JF, Gammon A, et al. A study of over 35,000 women with breast cancer tested with a 25-gene panel of hereditary cancer genes. Cancer. 2017 May 15;123(10):1721-1730. DOI: https://doi.org/10.1002/cncr.30498
National Center for Biotechnology Information (NCBI), https://www.ncbi.nlm.nih.gov/ (April, 2021)
Network, NCC Clinical Practice Guidelines in Oncology: genetic/familial high risk assessment: colorectal, https://www.nccn.org/guidelines/category_1 (April, 2021)
Online Mendelian Inheritance in Man (OMIM), https://www.omim.org/ (April, 2021)