Por Luciana Silva – Bióloga, Doutora em biologia celular, Sócia e co-fundadora da OncoTag e Chefe do Serviço de Biologia Celular da Fundação Ezequiel Dias
O câncer continua a crescer globalmente, exercendo um tremendo desgaste físico, emocional e financeiro nas pessoas, nas famílias, comunidades e sistemas de saúde. Muitos sistemas de saúde, de países de renda-média não tem acesso a um adequado diagnóstico e tratamento, causando baixa sobrevida dos pacientes. Em países onde o sistema de saúde é forte, as taxas são melhores graças ao acesso a métodos de detecção precoce, qualidade do tratamento e cuidados paliativos.
Segundo Huber 2019, o custo total associado ao câncer nos EUA foi de aproximadamente US$ 125 bilhões em 2010, e isso deverá subir para US$ 158 bilhões até 2020. Considerando somente o custo restrito de produtos oncológicos, excluindo serviços médicos, foram gastos, aproximadamente, US$ 42 bilhões em 2014. Isso significa um aumento de 25% em relação à 2010, ou seja, US$ 10 bilhões em apenas 4 anos. Esta é uma tendência de custo insustentável.
Com as crescentes pressões sobre os preços dos medicamentos oncológicos, tornou-se imperativo inovar o processo de desenvolvimento de medicamentos oncológicos para levar medicamentos inovadores aos pacientes mais rapidamente, com menor custo e com maior probabilidade de sucesso clínico.
Como evitar a doença
Segundo a OMS 30 a 50 % dos cânceres poderiam ser evitados através do não uso de tabaco, controle da obesidade, adoção de dietas saudáveis, realizar atividade física, controle do uso de álcool, uso de camisinha para evitar transmissão de HPV, uso de protetores solares para evitar radiação ionizante e poluição do ar.
Algumas intervenções têm sido providenciadas para vencer o câncer, como controle do uso de cigarros, vacinação contra hepatite B para evitar câncer de fígado, vacina contra HPV para evitar câncer de colo de útero, tratamentos e acesso a cuidados paliativo.
Descobertas da biologia do câncer
Até os anos 90, o entendimento da biologia tumoral era de natureza amplamente descritiva, considerando apenas que as células tumorais se dividem mais rapidamente que células normais, são capazes de migrar e invadir tecidos normais. No entanto, as células tumorais são capazes de evitar seu reconhecimento e destruição pelo sistema imunológico, evitam os mecanismos normais de senescência (envelhecimento celular) e apoptose (morte).
Baseado mais amplamente nessas características das células tumorais, drogas citotóxicas foram desenvolvidas e, atualmente, os fármacos apresentam resultados clínicos positivos em tipos de tumores específicos, apesar de exibir índices terapêuticos relativamente estreitos.
A partir do final dos anos 80, houve uma explosão em nossa compreensão dos aspectos moleculares do câncer que causam e mantêm os tumores. Esse entendimento resultou no desenvolvimento de terapias direcionadas específicas (terapia-alvo) para um determinado tipo de câncer que são usadas aliadas aos testes com biomarcadores preditivos para identificar tumores com o alvo específico. Essas terapias direcionadas mudaram o paradigma para o desenvolvimento de medicamentos oncológicos e o uso clínico em um modelo de medicina de precisão.
Como escolher o tratamento
Uma questão-chave que os oncologistas hoje enfrentam é “como posso usar esse conhecimento para escolher o (s) tratamento (s) que forneça ao meu paciente a maior probabilidade de resultado curativo e probabilidade mínima de resistência e toxicidade a medicamentos?” A resposta a esta pergunta reside na compreensão da relação entre a composição molecular do paciente/tumor e a evidência existente de sua utilidade clínica. Hoje, os esforços para decifrar tais relacionamentos fornecem a pedra fundamental da inovação em medicina de precisão.
A OncoTag neste cenário
A OncoTag é uma empresa inovadora que atua na área de medicina de precisão, descobrindo e desenvolvendo biomarcadores que possam guiar as decisões do tratamento oncológico, para que este se torne cada dia mais assertivo.
O nosso exame OvarianTagⓇ chegou para demonstrar aos médicos as chances da paciente com câncer de ovário responder ou não ao tratamento à base de platina (quimioterápico de primeira linha para o tratamento do câncer de ovário), e assim dar oportunidade à paciente que tiver resistência platina ser tratada com outras drogas mais relacionadas ao perfil molecular do câncer. O exame OvarianTagⓇ também determina o risco de recorrência do tumor em 1 ano, permitindo que pacientes identificadas com risco elevado sejam indicadas como candidatas ao tratamento com inibidores de Parp, como manutenção pós terapia citotóxica.
A OncoTag quer inovar o tratamento oncológico no Brasil, permitindo que as pacientes com câncer de ovário tenham um melhor tratamento e mais chances de sobrevida e ajudando pessoas a vencer o câncer.
Quer saber mais?
Veja as referências abaixo e acompanhe nossos próximos Blog Post.
- Verweij J. et al. Innovation in oncology clinical trial design. Cancer treatment reviews, VOLUME 74, P15-20, MARCH 01, 2019
- Goldberg KB et al. The FDA Oncology Center of Excellence and precision medicine. Experimental Biology and Medicine 2018; 243: 308–312
- Sermer D. and Brentjens R. CAR T‐cell therapy: Full speed ahead. Hematological Oncology. 2019;37(S1):95–100
- Frelaut M.; Tourneau C.L.; Borcoman E. Hyperprogression under Immunotherapy. Int. J. Mol. Sci. 2019, 20, 2674
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- Xing H and Meng Ling-hua. CRISPR-cas9: a powerful tool towards precision medicine in cancer treatment. Acta Pharmacologica Sinica (2019) 0:1 – 5